ART PT

The Sky is

 (not) the limit

Fomos destilar prazer e curiosidade a dois

Chama-se Sky Sauna Club e é das poucas saunas mistas em Lisboa com zonas exclusivas para casais.

Deixe as roupas do lado de fora, “enrole-se” nas toalhas e mergulhe em orgasmos.

Por Carla Novo

Esta é uma viagem ao céu. A dois. Um paraiso de luxuria e sexo. Sky Sauna Club, o novo espaço em Lisboa com zonas exclusivas para casais. Um programa obrigatorio para quem gosta de manter o relacionamento “a todo o vapor”. Vamos?

São quase onze da noite, estão menos de 10 graus na rua e o GPS diz que chegamos ao destino: Rua de Marvila, 50, Lisboa. O placar luminoso denuncia o que vamos encontar: um céu aberto à fantasia. A expectativa é alta.

Somos recebidos como duas estrelas recém chegadas, com direito a uma breve visita guiada pelos 350 metros quadrados de uma das poucas saunas mistas da capital. Antes, somos conduzidos ao balneário só para casais. Dão-nos uma braçadeira para colocar no pulso que contem a chave do cacifo comum – onde trocamos as roupas por toalhas e os sapatos por chinelos descartáveis – o dispositivo que permite acesso às zonas exclusivas a casais e vários preservativos. Na porta que fechamos lê-se “The Sky Is The Limit”. Será? A nossa única fronteira esta noite, é não mencionar que estamos em “missão secreta” e sair de qualquer cenário menos confortável para um de nós, mediante um subtil apertar de mão. Bem-vindos ao paraíso…

Jacuzzi, o caldeirão da tentação

À medida que caminhamos pelos corredores escuros e labirínticos, reparo que somos observados pelos já residentes – somo uma espécie de refresh num ambiente já demasiado hot. Impossível ficar indiferente numa atmosfera onde o vapor destila sexo.

O Jacuzzi é o lugar central, onde se evapora qualquer gelo ou inibição

Há pelo menos oito casais e vários singles, a maioria masculinos, nas zonas comuns. A estratégia é de assumirmos o papel de voyers. Percebemos que o espaço é, demasiado escuro, mas sofisticado, funciona como os corredores do IKEA – pois estamos num quadrado, cujo Jacuzzi  é na zona central, e percorre-se o circuito do prazer num sentido, ao ritmo do desejo. A vantagem da sauna mista é não precisarmos de ir à pequena área de fumadores para travarmos conhecimentos com os outros. Esta abordagem, percebemos rapidamente, faz-se no jacuzzi, onde mergulhamos ao lado de um casal e dois homens. Neste caldeirão borbulhante não há lugar para gelo e as inibições evaporam-se. “Dá-me as tuas mãos, sussurra-me o meu parceiro. Ok, “matematicamente” há mãos a mais nos nossos corpos, mas sou de “letras” e decido relaxar ao sabor de caricias alheias. Um dos singles sai e a mulher do outro casal fica, estrategicamente, ao lado do meu parceiro. Para quê fazer contas se a gramática do silêncio é fácil de entender? Ele reclina a cabeça para trás, sei que ela o está a masturbar, enquanto ele me retribui o gesto. Reparo que há uma placa junto a este “poço de tentações” com o aviso que não se pode fazer sexo ali. A certa altura, o meu parceiro aperta-me a mão. “Ok, tínhamos de sair dali”. Trocámos um prometedor até já e saímos.

Sala de cinema ou quarto escuro?

Chuveiros, um corredor de “mirones” e sauna. Dois minutos foram o suficiente para abandonar o local. Passivo demais, além de que me deixa zonza. Digo ao meu parceiro que vou para a sala de cinema. Faz parte do (nosso) jogo, ele sabe que gosto de o despistar. E nada melhor do que corredores labirínticos que convidam a sexo para um afrodisíaco jogo de escondidas! Escondo-me no quarto escuro. Reparo que ele entra no cinema, situado em frente. Gemidos saem do glory hole deste compartimente repleto de escuridão. Não vejo nada, mas, sinto alguém a tocar-me no peito. Retribuo o toque sem conseguir ver. Sinto que é uma mulher, do meu lado direito um homem conduz-me a mão até ao seu pénis. Estas personagens não faziam parte do meu filme. Sabia que não tardaria até que o meu parceiro desse comigo. Reparo que a cortina se abre. É ele. Em modo de “resgate” leva-me dali para um quarto, na zona exclusiva para casais. O que fazemos com a porta? Temos duas hipóteses: trancá-la ou abri-la. Nem uma coisa, nem outra. Deixamo-la encosta…

Carregar baterias no Banho Turco

Uma enorme cama espera-nos. O quarto está vazio. Estendemos as toalhas. Fecho os olhos. Deixo-me conduzir pela excitação do meu parceiro, que agora me exige a recompensa por tê-lo obrigado a andar à minha procura!

Quando abro os olhos, reparo que estamos com companhia.

Um dos casais com quem tínhamos falado na zona de fumadores fazem sexo descontraidamente ao nosso lado e um deles diz-nos naturalmente: “estejam à vontade, nós não trocámos”. São clientes habituais do Sky e contam que costumam ir à Sexta, porque é mais calmo do que ao Sábado. Para além da adrenalina que o ambiente lhes dá, confessam que gostam de ser observados. O mesmo não se passa com um dos singles masculinos com quem falamos, mais tarde, no cinema. Segundo ele, está sempre pronto para um excitante menáge à trois! Avançamos na zona de casais e num dos quartos está o casal está o casal do jacuzzi, o tal do “prometedor até já”. Convida-nos a entrar, acenando com a mão. Acenamos de volta, mas recusamos o convite. Já só queríamos relaxar no banho turco, cujo teto é forrado com pequenas luzes que lembram um céu estrelado com efeitos de cromoterapia.

Amplo e convidativo, entramos. Ali, ninguém fala com ninguém. O local é tão introspectivo quanto a sauna ou a sala de cinema. Ficamos a olhar para as estrelas e a recarregar baterias, afinal, a noite – para nós- não iria terminar ali, porque o céu não nos serve como limite.